Freire, Paulo - Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa / Paulo Freire. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
(Coleção Leitura)
I. Autonomia (psicologia) 2. Educação 3. Ensino 4. Prática de Ensino 5. Professores – Formação profissional I. Título II. Série
Índices para catálogo sistemático
1. Autonomia do educando: Educação
370.115
2. Pedagogia da autonomia: Educação
370.115
PDF:
http://forumeja.org.br/files/Autonomia.pdfTrecho selecionado: Capítulo 3 - Ensinar é uma especificidade humana, Sub-capítulo 3.7 - Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica. Página 47 § 5º.
Confesso que não cheguei a ler toda a obra, pois a primeira coisa que olhei no livro foi o índice, e o título de tal sub-capítulo muito me chamou a atenção por me parecer absurdo ao vincular educação com ideologia, e não com a verdade, nem com a responsabilidade de capacitar o educando a estar preparado para lidar da melhor forma possível com as vicissitudes futuras que encontrará tendo de enfrenta-las e vence-las, e principalmente estar preparado para não ser enganado pelos oportunistas que encontrará durante a vida que tudo farão para tirar proveito do desconhecimento dele sobre certas coisas ficando assim impossibilitado de resistir aos apelos trazidos através da fraude possibilitada pelas falhas existentes em sua formação intelectual.
No parágrafo selecionado, Paulo Freire diz: “Espero, convencido de que chegará o tempo em que, passada a estupefação em face da queda do muro de Berlim, o mundo se refará e recusará a ditadura do mercado, fundada na perversidade de sua ética do lucro.”. Ora, a queda do muro de Berlim não foi estupefação nenhuma, e sim uma celebração pelo fim do comunismo no leste europeu, o fim da prisão de várias sociedades a um regime sanguinário responsável por feitos horríveis como o Holodomor dos ucranianos, de mandos sem limites e perseguições, de partido único, de filas por comida, de racionamentos desnecessários causados pela condição irresponsável de economias, censura, falta de direito à privacidade e perseguição. As pessoas a isto submetidas não estavam nem um pouco satisfeitas, e tanto é que pulavam o muro de Berlim para o lado democrático, mas não se via ninguém fazendo o trajeto contrário! Ditadura era o que existia antes no lado oriental, e com o fim da divisão da Alemanha, houve uma migração de um lado para o outro que era rico, desenvolvido e cheio de oportunidades. Paulo Freire considera as regras do mercado uma ditadura, que na verdade é a ordem natural da relação entre as pessoas, que não é e nem nunca foi de caridade, mas de sobrevivência e busca de progresso pessoal dentro das regras da sociedade (e não sendo assim, é ilegal ou até criminosa).
Paulo freire não enxerga (ou não aceita) que a relação entre as pessoas se dá mediante uma vantagem oferecida, um interesse, onde as partes que dialogam, buscam chegar a um meio termo, ou na pior das hipóteses, perder o menos possível caso não tenha poder negociador equivalente. Mas, num Estado socialista, não há negociador, e sim um poder superior a todos que regula, normatiza, concede, cancela, proíbe, permite, fixa o valor e controla a tudo e a todos; e mediante isso, como há de se negociar com ele se ele impõe tudo? Qual o estimulo que há para alguém ser produtivo, competitivo, eficiente e eficaz? E qual o interesse do Estado socialista em haver isso na sociedade? Nenhum! O fato é que, Paulo Freire, em seu estilo literário que mais parece inclinado à uma poesia de estética parnasiano/simbolista escreve muito dizendo bem pouco, exceto se lermos nas entrelinhas com a ajuda de teóricos socialistas influentes. Porisso, não gostei nem um pouco considerando um ponto de vista desonesto e parcial.